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APRESENTAÇÃO
Investigadora Visitante CIES-Iscte
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
"A literatura que discute as relações de gênero e o desempenho escolar tem crescido nas últimas décadas. Considerando as pesquisas que buscaram explicar a desigualdade de desempenho entre meninas e meninos, podemos considerar que elas se agrupam em pelo menos duas vertentes. Há trabalhos que explicaram a obtenção de melhores resultados educacionais pelas meninas através de análises mais dualistas entre as diferenças de meninas e meninos, associando a socialização familiar voltada para as mulheres com características tidas como positivas na cultura escolar (MADEIRA, 1997; SILVA et al, 1999). Por outro lado, há trabalhos que focaram nas diferentes expressões de masculinidades e feminilidades nas escolas, buscando analisar também as rupturas com os estereótipos de gênero (TOLEDO, 2022; SENKEVICS, 2015; CARVALHO, 2005; SENKEVICS, CARVALHO, 2016; CARVALHO, SENKEVICS e LOGES, 2014). De acordo com essa segunda perspectiva, o prolongamento da escolarização por parte das meninas - sobretudo aquelas de estratos sociais mais baixos - pode ser explicado por outros fatores que não necessariamente um interesse pelos estudos, a busca por diplomas ou a coincidência entre atitudes valorizadas na escola e na educação familiar das meninas.
Levando-se em consideração as conclusões desses trabalhos foi desenvolvida uma pesquisa de mestrado de caráter qualitativo e com base na etnografia, cujo objetivo foi analisar os diferentes estilos de feminilidade que se mostraram presentes nas práticas e nas relações de um bairro em situação de alta vulnerabilidade social em Campinas (Brasil), buscando compreender como esses estilos relacionavam-se entre si e como eles influenciavam a relação com a escola.
Neste workshop apresento os dados preliminares da pesquisa refletindo como a relação com a escola envolve diversos fatores, como por exemplo a possibilidade de socialização, de ascensão social, de uma "boa" orientação moral, o afastamento dos "perigos da rua", e também o afastamento do perigo de uma sexualidade vista como negativa e precoce."